Godinho Lopes é um avião sem sistema de navegação. Com um rosto de medo e rápido a caminhar até à saída, afirmou, acabado de chegar ao aeroporto de Lisboa, que nada iria acontecer ao treinador. No dia a seguir, já protegido pelo afastamento físico de quem o contestava no aeroporto, menosprezou a justa contestação e, tal e qual JEB nos últimos tempos da sua miserável e empobrecedora administração, optou por ofender os “30 adeptos”. Mais um dia passado após a contestação, despede o homem que antes tinha garantido permanecer no lugar, supostamente imune ao mau momento. É isto a Linha Roquete: loucura decisorial e desrespeito pelo Sporting e pelos seus adeptos.
"O Sportinguista, em mais de 100 anos de dita escolha, jamais ousou queimar ou detrair o símbolo e a cor que o identificam. Outros, os tais que clamam superioridade moral e identitária, fizeram-no.", dito por pai de Daniel.

18 de dezembro de 2011

Em Coimbra, o desfecho foi desolador

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Antes de a partida se iniciar, estava eu num grupo de amigos que sempre se faz à estrada para visitar a cidade para onde o Sporting se desloca, disse que o que mais me assustava na Académica não era o clube em si, ou o estádio, ou os jogadores, ou nem sequer a época que a equipa vem a realizar, cujos resultados merecem elogios. A esta opinião, os meus amigos, os meus espectaculares e sempre presentes amigos Sportinguistas, reagiram de forma estranha. Sendo assim, perguntavam-me eles, o que te assusta?

O treinador. Sim, o treinador da Académica. Mas o aparentemente estranho receio da minha parte não fica por aqui. Ao recear o treinador, ao considerá-lo como o mais forte ponto do adversário, não assim o fiz porque considero o Pedro Emanuel um bom treinador. Verdade seja dita, também não o considero mau treinador. Ou seja, não está aqui em causa os méritos do Pedro Emanuel enquanto treinador da Académica.

Receio o Pedro Emanuel porque…ele vem do Porto. E quem oriunda daquele clube, como o Domingos outrora, tem um sempre penoso hábito de saber retirar pontos aos principais adversários do Porto, principalmente o Sporting, conseguindo colocar em equipa muito mais do que um conjunto de 11 jogadores: coloca também 11 guerreiros, onze kamikazes com um único objectivo: impedir o Sporting de festejar seja o que for. Aconteceu quando o Domingos ocupava o cargo também na Académica, e lembro-me, dolorosamente, de um jogo, em Alvalade, em que o guarda-redes da Académica, não me lembro bem do “herói”, defendeu o possível e o impossível: bolas em cima da linha de golo, remates vindos de avançados isolados, remates bem colocados de longe. Defendeu tudo.

Quando exporta figuras suas directamente para cargos importantes em outros clubes, o Porto como que expande a sua influência para lá do seu estádio, do seu campo de treinos, e o alvo costuma ser sempre o Sporting, e por vezes também o bando vermelho acaba por pagar. Nem tudo, contudo, é mérito desses mesmos servos que no momento vestem outras cores, mas também existe muito demérito do Sporting. Aos 3 minutos de jogo, a banalidade de um jogador contrário evidencia-se quando ele passa a bola a um avançado nosso, colocando-o em posição de fazer golo. Pronto, aqui começou mal a noite. Isolado, sem qualquer jogador adversário perto, frente ao guarda-redes, o nosso jogador Ricky decide – estupidamente – utilizar o pé esquerdo para finalizar. Fê-lo sem sequer olhar para a baliza primeiro. A conclusão não podia ser diferente da soma do que a antecede: péssima. Ricky, espero que tenha sido apenas um dia péssimo e não a consequência de uma alteração de mentalidade no jogador, falhou outras duas oportunidades clamorosas de golo.

Os erros não se ficam por aqui. Todos erram, dizem-me sempre. Meus caros, existem erros e existem “erros”. Num clube como o nosso, a probabilidade de determinados “erros” acontecerem deveria ser quase zero. Como hoje. Passemos aos outros “erros”. Minutos depois desse golo que nos foi oferecido mas que os nossos jogadores simpaticamente recusaram (à Sporting, porque quem veste as outras cores candidatas ao título é perito em aproveitar “erros” de outros), o Sporting contra-ataca numa situação de 5 jogadores nossos para 2 jogadores do adversário, talvez 3, não sei muito bem, com o jogador Pereirinha, aquele que em campo parece sempre estar precisado de Prozac e de Vicodin, com a bola nos pés. Ao seu lado direito está o João Pereira, que com o Pereirinha faz o corredor direito, isolado, de longe a melhor opção para passar a bola. Pereirinha não só não passa a bola a um jogador que estava na sua linha de visão e a escassos metros de si, como endereça a bola para, de entre um leque de opções de 4 jogadores, o que está em fora-de-jogo, o único que em violação posicional, matando ali a jogada e eliminando outra possibilidade de enfiar a redonda dentro da baliza e colocar o nosso Sporting na frente.

O repertório de “erros” não se esgotou neste, mais um, infeliz momento. Poucos minutos depois, o adversário marcou golo. Lance rápido, cruzamento perfeito, opinarão alguns Sportinguistas, pelo que nada podia ter sido feito. Errado. Tudo bem que o cruzamento foi bom, aí nada pode ser dito em oposição, mas o problema, o tal “erro”, foi a forma como o Polga decidiu abordar o lance. Inicialmente, isto quando a bola tinha sido lançada para o tal jogador que depois correu pelo flanco fora, Polga faz o que um defesa-central de qualidade deve fazer, ou seja, vai para a zona de marcação e, ao mesmo tempo, acompanha os movimentos do avançado. Polga fê-lo…até um determinado momento. Se tem continuado a acompanhar o avançado, Polga teria cortado a bola, talvez afastando-a para um canto, não se sabe bem, mas sabe-se que nunca o avançado contrário teria conseguido marcar golo. E aqui está o outro “erro”: a dado momento da jogada, provavelmente 1, 2 segundos antes de o lateral da Académica ter cruzado a bola, Polga abandona a trajectória que até àquele momento levava e decide tentar antecipar o cruzamento em si. Ao fazê-lo, atrasa-se perante o cruzamento e permite ao avançado, que seguiu desde o meio-campo numa linha recta até à zona de finalização, rematar sem oposição, frente a um Rui Patrício novamente traído pela pouca inteligência dos seus mais próximos companheiros de equipa. É fácil perceber o que eu pretendo dizer. Polga errou ao fazer a diagonal.

Outro “erro”: minuto 80 e tal, o Sporting pressionava o adversário e tudo indicava que mais uma oportunidade, pelo menos, seria posta a nossos pés. A equipa adversária, sempre expedita a afastar a bola do seu meio-campo, remata, sem objectivo identificável, o esférico para o meio-campo do Sporting. A bola vai sair do terreno de jogo, o fiscal está preparado para levantar a bandeirinha e atribuir um lançamento lateral para o Sporting, mas momentos antes de sair a bola tem perto de si dois jogadores do Sporting, João Pereira o mais próximo e Elias a poucos metros de distância, e um da Académica. O jogador João Pereira, com a bola a talvez nem 1 metro da linha, decide dar um toquezinho arrogante para trás, em vez de permitir que esta saia do terreno de jogo. Resultado? A bola empate nos pés do jogador da Académica, o João Pereira fica para trás, e lá fica o Elias incumbido de perseguir um jogador contrário que viu oferecido a si uma jogada de contra-ataque. Elias, jogador cuja capacidade de aceleração fascina qualquer amante de futebol, no entanto, não o consegue desarmar e vê-se forçado a derrubar o jogador. 2º amarelo – admoestação justa – e expulsão. Não vai poder defrontar o Marítimo, na próxima eliminatória da Taça de Portugal.

O nosso treinador também não fica muito bem nesta pintura, diga-se. Pereirinha já fez todos os Sportinguistas repararem que ele não tem a paixão necessária para vestir a camisola do nosso clube, muito menos num campo onde a garra é um característica imperativa para garantir a vitória. Carrillo, mesmo que por vezes tenha um toque de bola a raiar o miserável, é um desequilibrador nato e esse mesmo estatuto força o adversário a atribuir-lhe sempre mais de um jogador para marcação, naturalmente libertando outro jogador nosso. Daniel Carriço não pode nunca ser o primeiro médio após os defesas. Não gosta de receber a bola, nem sabe sequer passar a bola como um médio natural o faz. Quando Schaars, a determinada altura do jogo, recuou no terreno e passou a ser o primeiro elemento a receber a bola dos defesas-centrais, a circulação melhorou bastante e o Sporting foi capaz de criar mais jogadas de perigo. Não ter um médio desta qualidade a fazer tão importante função é forçar Polga, principalmente este, a rematar a bola lá para a frente e a rezar para que ela vá cair num local qualquer onde jogadores nossos estejam colocados. Como a sorte nunca nos acompanha, mais não fazemos do que perder a posse de bola.

É neste conjunto de erros que o Sporting força muitos Sportinguistas a encarar que vencer o título é uma miragem e que morrer na praia, novamente, pode vir acontecer. O adversário de hoje, treinado por um tipo que deve ter já recebido um telefonema de congratulação e agradecimento de quem o colocou no cargo que hoje ocupa, nem de perto nem de longe uma decisão somente do presidente, também ele corrupto, da Académica. Quando saí do estádio, senti-me tal e qual quando o Sporting, há uns anos atrás, empatou na Choupana frente ao Nacional da Madeira, num jogo em que uma vitória empurraria o nosso clube, na altura um candidato ao título, para o primeiro lugar, mesmo sabendo que as variáveis de hoje são diferentes das de então. Sinto-me assim, desolado, incapaz de conversar seriamente com os meus amigos, e valeu-me o facto de eu, quando o SCP joga fora, ter ido de mota até Coimbra. Venho de regresso a Lisboa em silêncio, na minha mota verde e de produção japonesa, a cogitar sobre as infelicidades que sempre atingem o meu clube, as criadas ora por entidades externas (árbitros), ora por internas (nossos jogadores).

6 pontos separam o Sporting do lugar que levará milhões de Sportinguistas a invadirem as ruas de Portugal e de todas as localidades onde muitos portugueses habitam. Eu continuo a acreditar, mas também tenho em mente a obrigação de o Sporting reforçar o plantel: precisamos de um defesa-central, um que entre directamente no onze inicial, um defesa-central que seja qualitativamente similar ao, por exemplo, André Cruz. Na próxima jornada, o clube dos corruptos, uma metade do bolo corrupção, vem à capital de Portugal para defrontar o Sporting, em nossa casa. Para nós, considerando hoje a classificação e o rendimento dos nossos adversários, vai ser o mais importante jogo da época. Façamos o que nos compete: criar um ambiente de apoio ao Sporting e de terror ao adversário, que nas suas fileiras conta com um jogador, baixo em estatura e em carácter, que muito bem conhecemos. O jogo frente ao Porto será fulcral para as ambições do nosso clube em relação a vencer o campeonato. Como eu, e muitos milhares de Sportinguistas, acredito que a equipa tem a qualidade necessária, espero vencer essa partida. Espero ver em campo sangue, se necessário, suor, muito, e glória, obrigatória. Não há outro cenário possível. É vencer ou morrer.

No entanto, 5ª feira vindoura o Sporting recebe o Marítimo, clube espoliado no jogo do campeonato frente ao Benfica, para a Taça de Portugal. Eliminando o Marítimo, depois do Sporting o clube mais forte da Taça de Portugal, o Sporting Clube de Portugal fica com a estrada desimpedida para ir ao Jamor, estádio cujos ares ficam sempre belos quando a cor dominante é o verde, e conquistar mais uma Taça de Portugal para um museu, o nosso, repleto e esgotado de vitórias e de títulos que nenhum outro clube neste país alguma vez poderá alcançar.