Godinho Lopes é um avião sem sistema de navegação. Com um rosto de medo e rápido a caminhar até à saída, afirmou, acabado de chegar ao aeroporto de Lisboa, que nada iria acontecer ao treinador. No dia a seguir, já protegido pelo afastamento físico de quem o contestava no aeroporto, menosprezou a justa contestação e, tal e qual JEB nos últimos tempos da sua miserável e empobrecedora administração, optou por ofender os “30 adeptos”. Mais um dia passado após a contestação, despede o homem que antes tinha garantido permanecer no lugar, supostamente imune ao mau momento. É isto a Linha Roquete: loucura decisorial e desrespeito pelo Sporting e pelos seus adeptos.
"O Sportinguista, em mais de 100 anos de dita escolha, jamais ousou queimar ou detrair o símbolo e a cor que o identificam. Outros, os tais que clamam superioridade moral e identitária, fizeram-no.", dito por pai de Daniel.

5 de março de 2011

José Couceiro

José Couceiro, na última conferência de imprensa em que marcou presença, afirmou que os Sportinguistas, ao assobiarem o Sporting, fazem o jogo do Benfica e do Porto, dessa forma auxiliando o Benfica e o Porto e prejudicando o nosso clube, o que clube que apoiam. Bem, lendo sem qualquer análise prévia, tendo a concordar com ele. Mas não me parece que esta época possa legitimar a argumentação de José Couceiro.

Se existe massa associativa reconhecida por, mesmo em bons momentos desportivos, assobiar a sua equipa após esta, em ocasiões raras, apresentar futebol qualitativamente duvidoso, não é a massa associativa do Sporting Clube de Portugal. Não tenhamos dúvidas a esse respeito. Essa massa associativa, acima de qualquer outra em Portugal, é a do Futebol Clube do Porto. Assobiam por tudo e por nada, seja contra jogadores da sua própria equipa que outrora foram aclamados como heróis (Cristian Rodriguez, por abandonar o Benfica e assinar pelo Porto, tudo num confuso e demoroso processo de negociação, que acabou com o último a assinar, diz ele, em poucos minutos), contra dirigentes (quem não se lembra dos ataques verbais e pessoais a elementos da SAD portista na 3 épocas em que o Porto não conquistou qualquer campeonato, de 99/00 a 02/03), contra políticos (por Rui Rio não se prestar ao mesmo serviço do anterior presidente da Câmara Municipal do Porto, Fernando Gomes, autarca corrupto e nojento que beneficiou o Porto e prejudicou o contribuinte), contra Lisboa, capital de Portugal (por esta, de forma natural, ser o ponto nevrálgico do futebol português e de ser a cidade dos dois principais, desde a sua fundação e não devido a um singular rosto, clubes de Portugal), etc. Ou seja, ao contrário da do Porto, a massa associativa do Sporting, adeptos, sócios e simpatizantes, sempre demonstrou, de forma natural porque essa é uma das nossas características principais enquanto possuidores da identidade Sportinguista, capacidade e vontade em apoiar o clube e a equipa, principalmente em momentos nada encorajadores.

Os Sportinguistas, aquando de um péssimo resultado na época 1993/1994, não queimaram bandeiras, cachecóis e cartões de sócio. Um tal clube, cujo adeptos apreciam profundamente a cor vermelha, fizeram-no na época 1986/1987. A par da festividade futebolística em campo, também o fumo marcou presença nesse dia. Fumo, chamas, golos do Manuel Fernandes e, como consequência, bancada norte do antigo Estádio de Alvalade vazia, apenas marcando presença os pirómanos benfiquistas. No derby da época a seguir, em que o Sporting venceu por 1-0 graças a um golo do avançado nigeriano Amunike (onde este festejou beijando o símbolo do Sporting), o estádio de Alvalade estava lotado, cheio, esgotado, num ambiente que personifica o adepto Sportinguista: amor ao clube, acima de tudo, e fé/esperança em melhores resultados, num futuro mais risonho e condizente com a história do Sporting Clube de Portugal. Entretanto, o título de campeão nacional conquistado na época 99/00 acordou Portugal, surpreendeu muitos que, serpenteando em hipotéticos cenários recheados de ignorância e de superioridades congeminadas por uma mente doentiamente embriagada, julgavam o Sporting morto, julgavam o Sporting um clube humanamente vazio. Ora bem, Portugal saiu à rua. Madeira repleta de Sportinguistas. Marquês de Pombal abarrotado de Sportinguistas. Até a Avenida dos Aliados, fechada a muitos por medo de represálias de pulhas vestidos de azul, teve a sua dose de Sportinguistas tripeiros.

Regressando ao tema Couceiro, e atribuindo um enquadramento prévio à declaração dele, afirmo acerrimamente que Couceiro errou. A época em curso acabou para o nosso clube – em termos de objectivos reais, capazes de mobilizar os adeptos. Estamos afastados de todas as competições, a equipa teima em não apresentar futebol de qualidade ou minimamente coerente. O presidente, cuja era se pode resumir a um conjunto infeliz de decisões e de declarações, demitiu-se, fugiu, abandonou o cargo para que, concordando ou não, fora eleito. O director-desportivo original, nunca possuidor de qualidades ou conhecimento suficientes, decidiu promover a sua própria demissão num canal desportivo. No entanto, em momento algum pensou criticar decisões do próprio, incluindo a principal: a escolha de Paulo Sérgio para treinador-principal do clube.

Tendo em conta o anteriormente referido, como pode um Sportinguista assistir passivamente ao que está a acontecer? Quererá Couceiro, o único rosto a quem não se pode, pelo menos actualmente, atribuir responsabilidades sérias pelo que aconteceu (e pelo que acontece), defender que o Sportinguista só serve para apoiar, bater palmas, vociferar cânticos de apoio? Não sou adepto de um clube que, por força da sua dimensão e dos seus objectivos, está limitado a maus resultados, exibições pobres, jogadores pouco profissionais, dirigentes inscientes; sou do Sporting Clube de Portugal, clube histórico de Portugal desde a data da sua função, 1906. Sou de um clube com uma matriz identitária muito própria, de longe a mais singular e especial de Portugal. Sou sócio da instituição desportiva mais vencedora de Portugal. De longe a mais vencedora. Jamais algum clube poderá sequer ponderar chegar perto do Sporting. A luta em Portugal, no que concerne a títulos nas mais variadas modalidades, resume-se ao 2º lugar. Para outros, quem quer que esteja (muito, muito, muito) atrás do Sporting, o 2º lugar é o 1º. Como instituição desportiva, o Sporting encontra-se num patamar de excelência, criado e motivado pela sua identidade e pelos profissionais que o serviram.

Moniz Pereira, no momento em que estava a ser entrevistado após a conquista de mais alguns troféus no nacional de Atletismo, começou da seguinte maneira:

“Vitória normal do Sporting”.

Quando o Sporting tem a trabalhar para si homens como Mário Moniz Pereira, um individuo que percebe verdadeiramente a sua função, ganha títulos e cultiva uma cultura de vitória e de excelência. É precisamente deste tipo de homens que precisamos: Sportinguistas, competentes e com vontade de trabalhar.