Godinho Lopes é um avião sem sistema de navegação. Com um rosto de medo e rápido a caminhar até à saída, afirmou, acabado de chegar ao aeroporto de Lisboa, que nada iria acontecer ao treinador. No dia a seguir, já protegido pelo afastamento físico de quem o contestava no aeroporto, menosprezou a justa contestação e, tal e qual JEB nos últimos tempos da sua miserável e empobrecedora administração, optou por ofender os “30 adeptos”. Mais um dia passado após a contestação, despede o homem que antes tinha garantido permanecer no lugar, supostamente imune ao mau momento. É isto a Linha Roquete: loucura decisorial e desrespeito pelo Sporting e pelos seus adeptos.
"O Sportinguista, em mais de 100 anos de dita escolha, jamais ousou queimar ou detrair o símbolo e a cor que o identificam. Outros, os tais que clamam superioridade moral e identitária, fizeram-no.", dito por pai de Daniel.

7 de maio de 2011

Caso Abel

Não partilho da opinião amiga de alguns bloggers apoiantes do Sporting Clube de Portugal em relação ao jogador Abel. Os mesmos referem, acertadamente, que o Sporting “não é um asilo”, mas admitem que a renovação do contrato de Abel seria uma forma de recompensar este jogador pelos serviços prestados ao Sporting Clube de Portugal no passado. Discordo.

O profissionalismo de Abel nunca esteve, nem pode estar, em causa. Sempre se comportou de forma exemplar, inclusive sendo considerado por ex-treinadores do nosso clube como um exemplo bastante positivo, em termos comportamentais e motivacionais, dentro do balneário do Sporting. Um aliado do bom comportamento e da união em torno do líder do balneário, o treinador.

No entanto, as recentes eleições presidenciais, apesar de algumas incongruências registadas no processo, deram começo a um nova era, esperamos que sim, no Sporting. Uma nova era, por si justificada pelo fracasso aberrante da anterior, pressupõe obrigatoriamente que o clube dê inicio a nova etapa na sua vida, começando pelos elementos que constituirão o plantel, o aspecto nuclear do clube, da próxima época, agraciando o clube com um plantel que consiga desempenhar em campo níveis de qualidade coincidentes com os objectivos do clube, da direcção e da massa associativa: elevados e baseados na contínua procura pela vitória, pelos 3 pontos.

Abel, por mais simpático e bom profissional que seja, não é de todo um jogador qualitativamente decente para o Sporting. É um defesa-direito banal, oscilando entre exibições normais e exibições fracas. É, sim, um jogador bom para um clube como o Vitória de Guimarães ou o Braga, de onde se transferiu (por uma quantia injustificável) para o Sporting, por 1 milhão de euros.

O facto de se ter lesionado gravemente também é por mim tido em conta nesta minha curta análise e opinião. Um lesão da natureza daquela que agora atingiu o Abel é lamentável, mais ainda quando o jogador luta em campo para provar que merece continuar no Sporting. E eu, mais do que ninguém, tendo a minha “carreira” sido terminada por uma lesão no joelho, tenho a obrigação de compreender o que o jogador atravessa.

No processo de decisão que culminará na decisão de renovar ou não o contrato do jogador Abel devem ser constituídos alguns factores importantes: activos disponíveis e aquilo que se pretende para o futuro do Sporting. Ora bem, os activos disponíveis são agradáveis: João Pereira, titular indiscutível e dos melhores laterais-direitos do campeonato português, e Cédric Soares, jovem-promessa do Sporting e, por consequência, não fosse o Sporting Clube de Portugal uma fábrica de excelência de talento futebolístico, e não só, do futebol português. Quem pode, e quis, presenciar jogos do Cédric sabe que ele tem capacidade suficiente para se vir a tornar numa solução real para o Sporting, abandonando de vez o ramo da teoria, em que todos são possíveis talentos.

Do ponto de vista de gestão desportiva, não me parece sensato, mais ainda no contexto do Sporting, que possui menos meios que os rivais, ter no plantel 3 defesas-direitos, mais ainda quando um deles é titular indiscutível, João Pereira, o que por si torna um pouco irrelevante a utilidade dos outros. Também importante, sem dúvida, é não esquecer o João Gonçalves, um defesa-direito de enorme potencial.

Tendo em linha o último parágrafo, e também porque creio que todo o capital disponível deve ser eficientemente gasto, não vejo com bons olhos a renovação do contrato do Abel. Não sou ingrato, contudo, agradeço-lhe o profissionalismo regularmente demonstrado, uma característica que escasseia nos tempos de hoje.

A forma mais íntegra de dizer adeus ao Abel é reconhecer as suas qualidades, afincadamente mais humanas do que futebolísticas, e desejar-lhe um futuro, tanto desportivo como pessoal, próspero.