Godinho Lopes é um avião sem sistema de navegação. Com um rosto de medo e rápido a caminhar até à saída, afirmou, acabado de chegar ao aeroporto de Lisboa, que nada iria acontecer ao treinador. No dia a seguir, já protegido pelo afastamento físico de quem o contestava no aeroporto, menosprezou a justa contestação e, tal e qual JEB nos últimos tempos da sua miserável e empobrecedora administração, optou por ofender os “30 adeptos”. Mais um dia passado após a contestação, despede o homem que antes tinha garantido permanecer no lugar, supostamente imune ao mau momento. É isto a Linha Roquete: loucura decisorial e desrespeito pelo Sporting e pelos seus adeptos.
"O Sportinguista, em mais de 100 anos de dita escolha, jamais ousou queimar ou detrair o símbolo e a cor que o identificam. Outros, os tais que clamam superioridade moral e identitária, fizeram-no.", dito por pai de Daniel.

5 de fevereiro de 2011

A despedida de Liedson e o valor do Sportinguismo

A despedida de Liedson, na qual participei da forma mais activa possível – palmas, cânticos e muito sentimento e emoção –, demonstra bem a diferença do Sportinguismo, a razão pela qual, e todos concordaremos, o Sportinguismo é diferente – belo e puro.

De novos a velhos, de rapazes a raparigas, de sócios a adeptos, da Sul à Central, da 1ª bancada à 2ª bancada, de cachecol e camisola a casual, houve algo comum: a lágrima. Portugal surpreendeu-se com a despedida de um jogador que, durante anos a fio, foi o melhor avançado em Portugal e dos melhores na Europa. Chorámos, é verdade, e fizemo-lo por algo legítimo: dizer adeus a um jogador que sempre suou a camisola. O Sportinguista, que viveu e vive momentos de pura agonia e injustiça, jamais ousou ou pensou queimar a cor ou a bandeira que o identifica.

Não o considero um símbolo do clube, já escrevi as razões que me levam a afirmar tal. No entanto, permitam-me maior explicação, mais fundamentada.

Liedson, no meu coração totalmente Sportinguista, não é um símbolo do clube. Reservo essa honrosa caracterização a um lote muito restrito de jogadores. Liedson nem sempre se comportou da melhor maneira, e é nesse pormenor, ao não incorrer nele, que um jogador excelente – Liedson – se transforma numa lenda, num símbolo. Liedson ficará para sempre na memória; as estatísticas, algo imune a apreciações morais e individuais, desempenharão essa tarefa de forma simples e evidente: 177 golos, marca excepcional. Liedson é uma glória do Sporting, um jogador que terá lugar garantido em futuras compilações de melhores jogadores do clube.

Se compararmos Liedson a verdadeiros símbolos do clube, Manuel Fernandes, por exemplo, será justo afirmar que a dedicação e profissionalismo de Liedson foi igual à de Manuel Fernandes, Sportinguista como qualquer um de nós, sofredor verde-e-branco durante 365 dias por ano? Não me parece, daí que eu rejeite liminarmente esse rótulo. Liedson marcou uma era no futebol; não, ele definiu-a. Definiu-a com o seu fantástico sentido de posicionamento, a sua capacidade de derrotar adversários fisicamente mais fortes. Era avançado e fazia golos, simples, ponto final.

Eu creio que o lote de símbolos jamais será aumentado. Duvido que algum jogador seja capaz de merecer tal distinção. O futebol de hoje é um desporto completamente diferente de há 20, 30 anos. Antes era movido pela paixão que os jogadores sentiam pela camisola, pelo símbolo do clube, pelos adeptos; hoje é movido exclusivamente por dinheiro, pelo conforto que o mesmo cria e proporciona. O futebol actual vive e opera num mercado profundamente interligado: é impossível manter um bom jogador na escuridão, digamos assim, isento da cobiça de clubes financeiramente mais capazes. Como pode o Sporting competir com um clube que oferece ao dito jogador um contrato 3 ou 4 vezes mais vantajoso? Não pode, fácil. Com o crescimento da valorização do bem material, e tendo este de ser adquirido (tem um custo monetário, portanto), é somente expectável que os jovens, que futuramente se poderiam transformar em lendas do clube, se sintam tentados por propostas que lhes garantem muitos mais euros no fim do mês – mais carros, casa maior, anel de ouro, brinco com diamantes, etc. Sendo assim, tendo em conta a conjuntura do desporto, jamais o Sporting verá outro Manuel Fernandes, outro Damas, talvez os últimos verdadeiros símbolos do clube.

O valor do Sportinguismo ficou bem definido na sexta-feira passada. Chorámos porque um jogador de qualidade, com marca bem definida na história do clube, disse adeus, disputou o último jogo num estádio a que ele estava muito bem habituado. Foram 7 épocas e meia, muitos, muitos golos, muita alegria, muita emoção… muito Sportinguismo.

O momento do clube, péssimo, foi outro contribuidor para uma noite que ficará na memória dos presentes, no estádio ou em casa.

Como Liedson, apesar de momentos menos positivos, mereceu tudo o que aconteceu naquela noite, não vale a pena dedicar palavras a outros intervenientes.

Os tempos têm sido cruéis, mas o Sportinguismo permanecerá para sempre como um sentimento clubístico diferente, para o positivo. Ser Sportinguista é ser diferente, não tenhamos dúvidas. Utilizemos as eleições vindouras para injectar Sportinguismo de qualidade no clube e na administração. Sejamos servidos por homens capazes. Sejamos representados por homens dignos e corajosos. Chega de incompetentes e de disfarçados.

Allez, Liedson, Allez, Allez, Liedson, Allez.

SPORTING CLUBE DE PORTUGAL, SEMPRE!