Godinho Lopes é um avião sem sistema de navegação. Com um rosto de medo e rápido a caminhar até à saída, afirmou, acabado de chegar ao aeroporto de Lisboa, que nada iria acontecer ao treinador. No dia a seguir, já protegido pelo afastamento físico de quem o contestava no aeroporto, menosprezou a justa contestação e, tal e qual JEB nos últimos tempos da sua miserável e empobrecedora administração, optou por ofender os “30 adeptos”. Mais um dia passado após a contestação, despede o homem que antes tinha garantido permanecer no lugar, supostamente imune ao mau momento. É isto a Linha Roquete: loucura decisorial e desrespeito pelo Sporting e pelos seus adeptos.
"O Sportinguista, em mais de 100 anos de dita escolha, jamais ousou queimar ou detrair o símbolo e a cor que o identificam. Outros, os tais que clamam superioridade moral e identitária, fizeram-no.", dito por pai de Daniel.

13 de fevereiro de 2011

Caso Costinha

A “entrevista” – considerei a mesma um pedido de demissão não-oficial – que Costinha concedeu à Sporttv provocou aquilo que este desejava: ser demitido.

Ao contrário de muitos Sportinguistas, sócios ou adeptos, não fiquei minimamente agradado com o conteúdo da “entrevista”. Disse algo de novo? Não me parece que o tenha feito. Está inocente? Não me parece que esteja. Cumpriu a sua função? Não, não o fez. Serviu o clube? Também não.

Serviu quem, então? Serviu a imprensa, que rapidamente colocou excertos da “entrevista” na capa dos seus jornais, vendendo um pouco mais do que o habitual à custa da frontalidade de um director-desportivo que é tudo menos frontal – estranho paradoxo, concordo. É, hmm, «semi-frontal», porque não li ou ouvi nenhum exercício de auto-crítica. Admito que esperar o contrário seria pura ingenuidade.

É impossível analisar este imbróglio hierárquico sem primeiro analisar determinadas vertentes da situação, nomeadamente:

1) O que foi prometido a Costinha (meios = capital disponível);

2) O que foi exigido a Costinha (objectivos = títulos);

3) Que relação tinha Costinha com Bettencourt (no sentido de independência na decisão);

Tendo estas três questões em mente, a entrevista de Costinha responde a duas, o ponto 1) e 2), além de, de forma subliminar, levantar outra questões. Aparentemente, afirmou Costinha na dita entrevista, este deparou-se com fala de meios (dinheiro) para concretizar a sua função. Ficará na história a parte que envolve o jogador Trezeguet e os tais 100.000€, a falta deles, que impediram a sua contratação.

Por outro lado, registo um paradoxo. Costinha afirmou que existem duas mensagens no Sporting: a verdadeira – que circula no interior do clube – e a falsa – que é transmitida ao exterior, aos adeptos. Dado que Costinha conhece a existência desta dupla-mensagem, por que razão fica indignado com a falta de meios? E conhecendo ele esta dupla-mensagem, como nunca a revelou? Por que razão aceitou alinhar nesta estratégia de mentira e duplicidade? Por que razão Costinha nunca se insurgiu contra este tipo de comunicação?

Não sabe Costinha que o Sporting, ao contrário de Porto e Benfica, não consegue “querer e comprar”? Tal incapacidade não é de agora, pelo contrário, é um problema e uma realidade com a qual os Sportinguistas convivem há muito tempo (Adriano, Paulo Assunção, Quaresma, Simão, entre outros). De novo regressando à dupla mensagem e ao facto de Costinha ter conhecimento desta, que esperava Costinha? Que iria ocupar o lugar e, milagrosamente, conseguir contratar os jogadores que admirava?

Quando Costinha afirma que a venda de Liedson foi “uma decisão da administração”, eu pergunto: que administração? A que se demitiu? Quem são os rostos desta “administração” que Costinha menciona? É Couceiro, homem contratado para apaziguar o mundo Sportinguista e irresponsabilizar Bettencourt? Sabendo que Costinha foi o homem forte do futebol do nosso clube, que papel lhe foi atribuído após Couceiro entrar no clube? Os Sportinguistas foram informados – explicitamente – da alteração na estrutura e das novas funções que cada um, Couceiro e Costinha, iria assumir?

Como feliz e irresponsável idiota que é, Costinha não ousou criticar o seu trabalho. Paulo Sérgio, agora suposta vítima de uma administração que lhe prometeu muito e não lhe deu nada, foi, de acordo com Costinha, uma boa escolha. Paulo Sérgio “é competente”. É, a sério?

Após considerar que Costinha nunca trabalhou no escuro, na desinformação, não creio que a entrevista que concedeu tenha sido justa e institucionalmente ética (pode parecer dúbia, mas não é, acreditem). Sendo ele representante do Sporting, e dos mais conhecidos rostos do clube, não me parece que o mesmo possua legitimidade para, em pleno exercício das suas funções e estando no dito canal como funcionário oficial do Sporting Clube de Portugal, se distribuir em acusações, conspirações e manobras de irresponsabilização. O caso Izmailov (curiosa a multiplicação de “casos” no clube) permanece mal explicado, e não pretendo afirmar que a culpa é só de Costinha. A questão da indumentária, considero-a infantil. É de similar natureza à evolução tecnológica do Mister Paulo Sérgio (iPad): não serve para nada, é de impacto neutro.

E no que concerne à falta de meios supostamente prometidos, que dizer da contratação de Hildebrand? Quem tem poucos recursos está obrigado a aumentar os níveis de eficiência. Fizemo-lo – fê-lo Costinha, melhor dizendo – quando decidimos contratar Hildebrand? E o que dizer do amigo do Costinha, o Maniche? Como explicar a postura de Costinha, em silêncio e sempre ao lado do presidente, durante a venda de Moutinho? Peço desculpam, mas sinto-me “Sportinguisticamente” obrigado a regressar a Maniche. Pode Costinha defender um jogador que, sozinho e de forma não incentivada, agrediu outro jogador, foi expulso, acabando o Sporting por sofrer 3 golos após o tal momento de “profissionalismo”? E, diz a imprensa, pagamos 200.000€ mensais por profissionalismo desta estirpe. Que Director-Desportivo é este, que não exige profissionalismo e dedicação, que não pune severamente momentos de total falta de respeito e capacidade profissional?

Se Costinha teve conhecimento da denominada dupla-mensagem e nunca fez nada para a contrariar ou divulgar, portando desempenhando activa parte no estratagema de engano e decepção, considero que Costinha não tem razões legítimas para criticar seja quem for, pois foi também uma peça importante no dito esquema, sustentando-a sempre que afirmava que o clube seria candidato ao título, etc. Se Costinha se tivesse demitido no momento em que a sua função lhe estava a ser dificultada por superiores (Bettencourt), consideraria justas (mas não necessariamente oportunas, pois Costinha poderia sempre falar com os sócios numa Assembleia Geral, por exemplo, ou através do jornal oficial do clube) as críticas que desenvolveu na famigerada entrevista. Após tal entrevista, somos confrontados com mais uma prova da sua falta de (real) frontalidade: cospe culpas contra terceiros, inocenta-se, mas não se demite. Estava à espera de ficar no clube após tudo o que disse, como o disse, onde o disse, quando o disse?

Acosta, espectacular jogador e honroso profissional, sumarizou bem o funcionamento interno do clube quando, também numa entrevista, afirmou que o “problema do Sporting é institucional”. Bem, o que é um problema institucional, alguns indagarão? No fundo, é saber que o primeiro problema do clube reside dentro do mesmo. Bufos, incompetentes, fantoches, lampiões; no Sporting há um pouco de tudo.

Só aparenta escassear o Sportinguismo.