Godinho Lopes é um avião sem sistema de navegação. Com um rosto de medo e rápido a caminhar até à saída, afirmou, acabado de chegar ao aeroporto de Lisboa, que nada iria acontecer ao treinador. No dia a seguir, já protegido pelo afastamento físico de quem o contestava no aeroporto, menosprezou a justa contestação e, tal e qual JEB nos últimos tempos da sua miserável e empobrecedora administração, optou por ofender os “30 adeptos”. Mais um dia passado após a contestação, despede o homem que antes tinha garantido permanecer no lugar, supostamente imune ao mau momento. É isto a Linha Roquete: loucura decisorial e desrespeito pelo Sporting e pelos seus adeptos.
"O Sportinguista, em mais de 100 anos de dita escolha, jamais ousou queimar ou detrair o símbolo e a cor que o identificam. Outros, os tais que clamam superioridade moral e identitária, fizeram-no.", dito por pai de Daniel.

17 de fevereiro de 2012

Sobre Jorge Castelo, que até há poucas horas marinava no Centro de Emprego dos “treinadores” de futebol, a Sporttv

Quem o conhece, e não podendo eu confirmar se quem o diz está a falar verdade, afirma que ele não é Sportinguista, como o treinador Sá Pinto, que ontem proferiu fantásticas afirmações sobre o que sente sendo o treinador do Sporting Clube de Portugal (ver as declarações aqui). Atribuem-lhe o gosto pelo vermelho, talvez pelos vários anos em que lá trabalhou, mas eu, importando-me apenas com o Sporting e com os profissionais que trabalham no meu clube, não tenho problema em secundarizar o suposto verdadeiro clube dele, restando-me acreditar no profissionalismo da mais recente, juntamente com o Porfírio, contratação para a equipa técnica do Sporting, chefiada pelo Sá Pinto.

Escrevo esta opinião admitindo possíveis erros de julgamento da minha parte, portanto precavendo-me relativamente a injustiças. Como escrevi antes, não sei se ele é Sportinguista, se é de outro clube qualquer, talvez até do principal rival do Sporting, mas parece-me que a contratação da sua pessoa se insere na ideia de adicionar ao actual conjunto de técnicos algo que lhe pode estar a faltar: conhecimento técnico-táctico do desporto, ou seja, conhecimento das mais recentes metodologias que parecem vingar no futebol, numa perspectiva mais científica, se assim o podemos considerar. A evolução metodológica do futebol nos últimos 5 anos foi brutal, com nomes como Mourinho (este ensinado por um mago da táctica, o holandês Van Gaal, cujas longas palestras e vídeos entediavam os jogadores por ele orientados) e, mais recente, Guardiola a chefiarem o grupo de treinadores que objectiva o controlo total das equipas que treinam – por exemplo, num livro sobre Mourinho em que o próprio assina o prefácio (Liderança: Lições de Mourinho), sendo então um livro mais condigno que os restantes, Mourinho admite que o seu objectivo enquanto treinador é “reduzir a imprevisibilidade”.

Não fui propriamente simpático na forma como me fiz perceber em relação a este senhor Jorge Castelo (a posição de comentador desportivo é na sua essência demasiado fácil de executar), mas espero que a minha primeira ideia sobre ele, e a primeira ideia tende sempre a ser insuficiente em factos, se encontre errada. Espero que venha de facto preencher mais espaço qualitativo dentro do Sporting, auxiliando o Sá Pinto nas escolhas que se preveem complicadas de decidir, agora que o Sporting se encontra em desesperada procura pelo terceiro lugar do campeonato, na luta pela conquista da Taça de Portugal e, se nada de bizarro acontecer na próxima quinta-feira, preparando-se para defrontar um clube, o Manchester City, que despeja dezenas de milhões de euros por qualquer jogador que cative o interesse do seu treinador.

A coerência é também um elemento cuja presença em qualquer debate é essencial, principalmente quando quem opina é Sportinguista. Se qualquer Sportinguista, céptico ou não em relação a Sá Pinto enquanto opção válida (e não meramente propagandística) como treinador para o Sporting, admite que o Sportinguismo do Sá é inquestionável, que no banco do Sporting passará a figurar como que um adepto, então parece-me lógico concluir que o Sá não aceitaria na sua equipa técnica alguém indigno ora para o clube, ora para o cargo. Terá a decisão de contratar Castelo e Porfírio debatida com Sá Pinto, este assentido ou mesmo sugerindo ambos os nomes, ou terá sido obra de Carlos Freitas, “que ficou em Lisboa a trabalhar”?

Sobre ontem, não vi nada que me indique estar em processo a melhoria da qualidade de jogo da nossa equipa, sinceramente, e nem mesmo o lastimável estado do relvado do Légia suaviza a minha crítica, assim como o facto de ter sido apenas o primeiro jogo do nosso novo treinador – contudo, reconheço estas limitações. Continuo a ver o Ricky demasiado sozinho na dianteira, sem qualquer apoio, e o Polga no centro da defesa, ele que é uma espécie  de Kim Philby do Sporting Clube de Portugal – não é de todo estranho que nenhum clube de um Brasil economicamente em crescimento o queira. O André Santos obsequiou os Sportinguistas, e o próprio Sporting CP, com um golo fantástico, do mais belo que este desporto pode oferecer a quem o aprecia. Gesto técnico soberbo, remate indefensável. Seria excelente Sá Pinto conseguir retirar mais produtividade do André Santos, não a médio-defensivo, mas talvez jogando um pouco mais à frente deste último e mais próximo dos avançados.

PS – Sou contra punições relativamente a cânticos racistas – ou de qualquer outro teor – entoados por adeptos de futebol. Jamais cantarei contra alguém por causa da sua cor, acho-o até bastante patético (e alguns adeptos do Sporting não são inocentes a este respeito), mas se a UEFA começar a castigar clubes por causa de comportamentos menos felizes por parte de alguns adeptos, poderemos estar perante a abertura de um precedente que pode limitar severamente a liberdade do adepto do futebol, limitando-o a uma presença física sem a felicidade que acompanha qualquer um que vá à bola e goste de cantar e de bater palmas e de saltar, tornando-se o adepto um mero financiador. Depois de o primeiro clube ser punido por cânticos racistas (embora admita que existem determinados limites, mas esses só costumam ser ultrapassados em países como a Sérvia), outras punições (como cânticos ofensivos genéricos, por exemplo contra o árbitro) poderão acontecer. O curioso é que o clube visado, o Porto, tem matéria criminal mais do que suficiente, e conhecida por qualquer um, para que o seu fim, pelo menos em competições importantes, se aproxime, fim esse a ser sentenciado por quem regula o futebol. Punir o Porto por racismo é puni-lo pelo menos nefasto de todos os comportamentos a que ele clube já nos habituou. O vídeo está aqui (a interpretação de um dirigente do Porto é quase tão patética quanto aquela que o Público atribuía a alguns gestos presentes nas imagens de acesso ao balneário visitante do Estádio de Alvalade). Quem entende os funcionalismos da internet deve garantir que ele não desaparece como outros que comprovavam Pinto da Costa como o mais corrupto dos dirigentes portugueses.