Godinho Lopes é um avião sem sistema de navegação. Com um rosto de medo e rápido a caminhar até à saída, afirmou, acabado de chegar ao aeroporto de Lisboa, que nada iria acontecer ao treinador. No dia a seguir, já protegido pelo afastamento físico de quem o contestava no aeroporto, menosprezou a justa contestação e, tal e qual JEB nos últimos tempos da sua miserável e empobrecedora administração, optou por ofender os “30 adeptos”. Mais um dia passado após a contestação, despede o homem que antes tinha garantido permanecer no lugar, supostamente imune ao mau momento. É isto a Linha Roquete: loucura decisorial e desrespeito pelo Sporting e pelos seus adeptos.
"O Sportinguista, em mais de 100 anos de dita escolha, jamais ousou queimar ou detrair o símbolo e a cor que o identificam. Outros, os tais que clamam superioridade moral e identitária, fizeram-no.", dito por pai de Daniel.

2 de março de 2011

Curtas[10]

“Tenho 100 milhões de euros.”

Lendo esta frase, na qual Godinho afirma ter 100 milhões de euros, identifico mais uma manobra comunicacional, pouco verdadeira, deste candidato. Ele não tem 100 milhões de euros. Nem 10. Nem 5. O que ele vai fazer, e encontra-se melhor posicionado porque, como ficou esclarecido aquando da sua apresentação oficial, tem o apoio de rostos executivos do Banco Espírito de Santo (e do BCP, que é a instituição bancária a quem o SCP mais deve), é renegociar – outra vez, outra vez, outra vez – a dívida de curto prazo do SCP, os tais 100 milhões de euros, valor esse que, como referi noutro post, vem no Relatório e Contas 09/10, pág.68.

Renegociar a dívida, em formato comum (simple talk), implica o seguinte:

1) Incremento da linha temporal de liquidação (negociação dos prazos de pagamento;);

2) Aumento da taxa de juro associada ao empréstimo;

3) Diminuição dos encargos financeiros correntes;

Existem outros mecanismos associados a uma renegociação (genericamente falando), mas eu pretendo simplificar a minha opinião em relação a esta falácia do “tenho 100 milhões de euros”.

Renegociar a dívida é a forma mais comum de restruturação de qualquer empresa (acompanhada, comummente, de um programa de redução de custos), e costuma funcionar (tudo num processo conhecido como “turnaround”). Contudo, e tal surpreende-me bastante, pergunto: por quantos processos de restruturação passou a Sporting, SAD? Deve prefigurar um recorde qualquer, penso eu. Nenhuma empresa, garanto-vos, teria acesso a tantas oportunidades destas. A entidade credora acabaria por concluir que a empresa em questão não consegue sobreviver.

Concluindo, diminuir os encargos financeiros correntes (encaremos tal como o valor das prestações que as pessoas pagam pelo seu crédito à habitação, por exemplo, mas aplicando a lógica ao nosso clube) permite libertar capital para investir na equipa de futebol, o que é positivo, se de facto houver critério e qualidade no investimento (comprar jogadores). Se o investimento resultar na qualidade de um jogador como Sinama Pongolle, o capital disponível devido à renegociação da dívida terá sido em vão. O Sporting renegoceia a dívida, paga, mensalmente, um valor inferior ao anterior, mas, em termos de juro (custo do dinheiro pedido ao banco), pagará mais.

Resta-nos esperar que a próxima direcção – seja ela qual for, todas acabarão por, seguindo a lógica do candidato Godinho Lopes, “ter 100 milhões”, ou o SCP entra em incumprimento – saiba investir o capital a que tiver acesso.

ps – de facto, as minhas “curtas” são demasiado longas…