Godinho Lopes é um avião sem sistema de navegação. Com um rosto de medo e rápido a caminhar até à saída, afirmou, acabado de chegar ao aeroporto de Lisboa, que nada iria acontecer ao treinador. No dia a seguir, já protegido pelo afastamento físico de quem o contestava no aeroporto, menosprezou a justa contestação e, tal e qual JEB nos últimos tempos da sua miserável e empobrecedora administração, optou por ofender os “30 adeptos”. Mais um dia passado após a contestação, despede o homem que antes tinha garantido permanecer no lugar, supostamente imune ao mau momento. É isto a Linha Roquete: loucura decisorial e desrespeito pelo Sporting e pelos seus adeptos.
"O Sportinguista, em mais de 100 anos de dita escolha, jamais ousou queimar ou detrair o símbolo e a cor que o identificam. Outros, os tais que clamam superioridade moral e identitária, fizeram-no.", dito por pai de Daniel.

29 de outubro de 2011

Porque a vida não é só futebol

Em Inglaterra, assim como nos restantes países que fazem parte da Commonwealth, a proximidade do mês de Novembro aproxima a população civil da população militar, mais concretamente de todos aqueles que lutaram e morreram na defesa do seu país. É um dia, o 11 de Novembro, muito especial para todos os britânicos, um dia em que um cidadão comum, seja qual for o seu estrato social, honra os milhões que lutaram em nome do Reino Unido ou de outro país que também comemora este dia, como a Austrália, uma nação que sente muito por todos os que pereceram em combate.

É o meu dever enquanto inglês, muito orgulhoso, prestar homenagem aos que foram enviados para o meio do terror que definiu parte do século XX, como a I e a II Guerras Mundiais, ambas participadas por familiares meus, ora em combate, ora bombardeados cobardemente pela máquina de guerra nazi: alvos de guerra, diziam os alemães, acabando por bombardear escolas, teatros, hospitais.

O Remembrance Day não tem paralelo em Portugal - o meu outro país, a outra metade do meu coração -, pelo menos em significado e em dimensão de agradecimento, mas fica aqui também a minha homenagem aos milhares de soldados portugueses que lutaram pela pátria, da chacina que foi a participação portuguesa na I Guerra Mundial à luta brava em terrenos africanos. Portugal não se recorda de quem ficou definitivamente em terras do inimigo. Não se recorda, por si já hediondo, nem parece sequer querer fazer um esforço nesse sentido. A Guerra do Ultramar terminou em 1974 e o monumento de homenagem, o principal, é apenas erguido dezenas de anos depois do fim do conflito, passando por um tempo sabático inexplicável. Recordar quem caiu em combate ou quem combateu e hoje vive em quase semi-abandono, em Portugal, é uma espécie de tabu.

Sobre os soldados portugueses, deixarei o inimigo, um de muitos que caiu às mãos da bravura portuguesa, dá-lo a conhecer a quem ler este meu bocadinho de escrita:

“A fortuna do mundo é eles serem tão poucos, porque a Natureza, como aos leões, felizmente os fez raros…”

A minha família tem um sólido passado militar: a inglesa combateu na I e II Guerras Mundiais, e a portuguesa teve também o seu momento militar na Guerra do Ultramar. Concordando ou não com os objectivos das guerras, não fugiram ao dever. Não devemos confundir a legitimidade da guerra com os soldados que nela participaram. Eles estiveram lá. Sofreram física e psicologicamente, problemas hoje existentes em muitos veteranos de guerra, mataram inimigos, levaram tiros, perderam grandes amigos, partes do corpo. E alguns morreram.

Muitos de nós tivemos um familiar que participou na Guerra – tios, avôs, ou até pais. O número de soldados mobilizados, assim como o número de comissões de cada um dos bravos militares portugueses, torna a afirmação muito provável. Esta minha breve escrita é uma homenagem a eles todos. Curvo-me!

Hoje, vivo os benefícios, como a derrota do totalitarismo em solo europeu e a vitória do sistema democrático, com que outros me agraciaram. Vivo num continente que há muito não conhece a guerra em seus territórios. Muitos morreram para que assim seja.

O futebol inglês, nos próximos tempos e com maior exposição perto do dia 11 de Novembro, continuará a homenagear os soldados britânicos que pereceram em defesa da pátria.

Obrigado.