Godinho Lopes é um avião sem sistema de navegação. Com um rosto de medo e rápido a caminhar até à saída, afirmou, acabado de chegar ao aeroporto de Lisboa, que nada iria acontecer ao treinador. No dia a seguir, já protegido pelo afastamento físico de quem o contestava no aeroporto, menosprezou a justa contestação e, tal e qual JEB nos últimos tempos da sua miserável e empobrecedora administração, optou por ofender os “30 adeptos”. Mais um dia passado após a contestação, despede o homem que antes tinha garantido permanecer no lugar, supostamente imune ao mau momento. É isto a Linha Roquete: loucura decisorial e desrespeito pelo Sporting e pelos seus adeptos.
"O Sportinguista, em mais de 100 anos de dita escolha, jamais ousou queimar ou detrair o símbolo e a cor que o identificam. Outros, os tais que clamam superioridade moral e identitária, fizeram-no.", dito por pai de Daniel.

23 de março de 2011

Reflexão sobre os últimos debates

Não temos sido agraciados com uma campanha eleitoral fértil em ideias e soluções, estando a mesma agora dominada por calúnias, acusações, notícias não confirmadas, etc. É triste, admito, não pelo que outros possam pensar, mas porque o momento intima um debate sério, produtivo e capaz de lançar o nosso Sporting para um futuro muito, mas muito melhor do que o passado recente.

Sabe-se que a campanha de Godinho Lopes é forte em contactos e no desejo de se ver perpetuada no poder, perpetuada enquanto dinastia administrativa incumbente. A Linha Roquete, sempre presentada com o voto cego e extremista de determinada falange de sócios do Sporting, pensava por ela mesma conseguir mais uma vitória, se bem que mais contestada e difícil que as últimas.

Esta é uma candidatura que se baseia em dois pontos: na aproximação à banca, que garante estabilidade financeira a curto prazo, daí a presença de vários administradores do BES na lista de Godinho Lopes, e na dupla Luís Duque e Carlos Freitas, falsos mecenas de uma gestão desportiva supostamente fantástica. Penso que o CV de Carlos Freitas se encontra já desmistificado: de entre um exército de jogadores, apenas Liedson salta à vista como o única contratação fantástica. Todos os outros, mais de 50, não renderam qualquer retorno desportivo ou financeiro. Aliás, numa análise financeira a todas as contratações de Carlos Freitas, pasme-se, o SCP não conseguiu gerar qualquer mais-valia significativa.

Godinho Lopes tem vindo a, de forma levianamente encapotada, divulgar um discurso de chantagem, e creio que o mesmo será intensificado nos próximos dias, através de outros elementos da sua lista, talvez Ricciardi (que poderá querer transmitir que o SCP tem necessidades financeiras de curto prazo que só podem ser resolvidas através de um candidato que possua relações próximas com as entidades credoras). Rogério Alves, hábil discursador, poderá ser chamado a cumprir uma missão: cuspir umas quantas palavras com aparente significado superior, talvez pedindo inteligência e seriedade no momento de votar. Paulo Pereira Cristóvão, esse, entretém-se a fazer campanha, mesmo que falsa, por Bruno Carvalho, divulgando presumíveis contratações do último. Oferece-nos, tenho a certeza, um bom e tranquilo momento de riso. As opiniões deste individuo, que se revelou um mutante opinativo, valem tanto quanto a sua consistência.

O que dizer do candidato Pedro Baltazar? Triste? Enfadonho? Irregular? Mentiroso? Caluniador? Desrespeitoso? Penso que qualquer uma das palavras agora mencionadas poderiam ser utilizadas. Este tem vindo a referir que o modelo que ele preconiza é similar ao modelo do ex-presidente, e agora, mais do que nunca, saudosamente recordado, João Rocha. A consistência e legitimidade deste desejo cai por terra quando nos lembramos do 1º debate, o tal em que, de forma surpreendente e totalmente inesperada, Pedro Baltazar questiona o futsal enquanto modalidade válida. Ou seja, e para melhor assimilarmos a contradição gritante nas ideias deste candidato, este, que colocou em causa uma modalidade crescentemente famosa e em que o Sporting Clube de Portugal é o campeão nacional incumbente, pretende-se comparar ou emular um modelo de ecletismo total e vencedor. ´

Penso que Baltazar, como Dias Ferreira (explicarei a situação deste à frente), foi vítima do salto mediático da candidatura de Bruno Carvalho, principalmente após o primeiro debate, em que este claramente se assumiu, por mérito próprio, como um candidato tão válido quanto Godinho Lopes, na altura a candidatura que era dada como certa vencedora das eleições. Surpreendeu-o, creio, e rapidamente se predispôs a tentar afastar Bruno Carvalho da possibilidade de vir a assumir a presidência do Sporting Clube de Portugal. Ataca-o em todos os debates, e inaugurou a campanha suja nos meios de comunicação quando referiu que o Fundo de Bruno Carvalho era um esquema que visava a “lavagem de dinheiro”. Referiu que o Fundo de Bruno Carvalho era falso, não existia, uma mera criação para sorver votos e mediatismo. Bruno Carvalho deslocou-se à Rússia e, numa conferência de imprensa especialmente delineada para a ocasião, confirmou a existência do Fundo e identificou os investidores do mesmo. No entanto, Baltazar não desarma. Continua a criticar o Fundo. Mas há que saber reconhecer alguma evolução na crítica que é feita. Antes o Fundo era falso, não existia. Era uma arma eleitoral virtual. Pouco tempo depois, e após a confirmação da existência do Fundo e dos seus investidores (momento que mereceu um artigo elogioso escrito por José Milhazes), Baltazar continua a criticar o Fundo, não a sua existência, mas as normas que o regem. Ficámos hoje a saber que os investidores russos, através de dois representantes apontados para tal, têm o direito de veto. Eu pergunto: mas queriam o quê, digam-me? Em terminologia apropriada à temática, é natural e expectável que os subscritores do Fundo (os russos) se façam representar perante o gestor (a Sporting, SAD). Desculpem, mas serão, vocês, são assim tão ingénuos? É legítimo, ou até racional, esperar que um conjunto de empresários disponibilize 50 milhões de euros sem qualquer garantia, sem qualquer supervisão? Mais: desafio qualquer candidato a conseguir um Fundo que não possua estas premissas.

Baltazar crê-se como um conhecedor profundo do futebol, considerando-se dotado de conhecimentos técnicos, e, não fugindo à estratégia de atacar Bruno Carvalho (o catraio), criticou a opção Van Basten. Contudo, como pode Baltazar responder com Zico? Van Basten, diz Baltazar, não conseguiu conquistar o campeonato com o Ajax, o que é verdade, se bem que sonegou o facto de Van Basten ter procedido a uma reformulação completa da equipa de futebol do Ajax. No entanto, queremos realmente comparar a competitividade do campeonato holandês, onde o PSV tem vindo a assumir particular destaque nos últimos 10 anos, com o grego, onde o Olympiakos conquistou 10 das últimas 12 edições. Curioso é que Zico, cujo pai é Sportinguista, foi um dos  dois treinadores que não conseguiu conquistar o campeonato.

Dias Ferreira, na minha modesta opinião, julgava-se como o único candidato capaz de competir com Godinho Lopes. A sua estratégia era muito simples: atacar Godinho Lopes e o modelo administrativo que ele representa. A escolha Futre foi um erro, mais ainda quando Bruno Carvalho emerge como o mais forte candidato e, como consequência, único capaz de afastar de vez a Linha Roquete do Sporting. Dias Ferreira foi surpreendido por esta candidatura, e encontra-se agora do lado dos críticos. Ele afirma não concordar com o modelo do Fundo, mas onde espera Dias Ferreira conseguir o capital necessário ao investimento na equipa principal? Espera ele ter acesso a um Fundo com moldes inovadores? O Fundo que ele apresentar – duvido – será exactamente igual ao de Bruno Carvalho. Os subscritores terão sempre direito de veto. O problema, ao contrário do Fundo do Benfica (cuja carteira de activos é composta por jogadores inicialmente comprados pelo clube), é que o Sporting não pretende integrar jogadores seus no mesmo. Aliás, o nosso clube já tem acesso a um Fundo similar ao do Benfica, mas cuja avaliação dos activos (jogadores) a ele subjacentes é de bradar aos céus: claramente subavaliados. 15 milhões de euros é o capital disponível. Pergunto: é são acreditar que esta quantia permitirá reforçar dignamente a equipa de futebol? Claro que não. Um bom avançado utilizará cerca de 35% dessa quantia. Dada as necessidades da nossa equipa, que são muitas e transversais a todos os sectores, 15 milhões de euros é uma quantia doentiamente insuficiente ao necessário.

Dias Ferreira sabe muito bem que Bruno Carvalho deve a sua mediatização ao primeiro debate, onde emergiu como candidato credível, eloquente e capaz de solucionar alguns dos problemas, os principais, que atingem o nosso clube. A sua táctica é simples: atacar Bruno Carvalho e tentar captar alguns dos votos de sócios que apreciaram a prestação de Bruno Carvalho. Penso que o rótulo “continuidade” se encontra definitivamente assinalado em Godinho Lopes, um erro de casting que poderá, espero, custar caro à Linha Roquete. Godinho Lopes não é carismático, o seu discurso não é minimamente agregador nem motivante. Ah, e continua sem explicar a proveniência e contabilização dos 100 milhões de euros que tem vindo a referir como essenciais ao Sporting e às candidaturas.

Penso que, desde fim do primeiro debate, Bruno Carvalho tem vindo a perder credibilidade, mesmo que de forma injusta. Dias Ferreira aproveitará o dia de amanhã para apresentar alguns reforços importantes, mesmo que desconheçamos a forma como Dias Ferreira os pretende contratar. Se calhar vai recorrer ao Fundo do Bruno Carvalho. Ou à banca, mas aí será um candidato tão “renovado” quanto Godinho Lopes.

Pedro Baltazar, pela forma como tem marcado a sua presença nos debates, merecia ser alvo de alguma justiça popular Sportinguista no sábado. A sua postura tem sido totalmente execrável.

Amanha, desta vez na TVI24, esperam-se mais demonstrações comportamentais miseráveis e dignas de um bar frequentado por drogados e fugitivos dos alcoólicos anónimos.

Mesmo assim, e não tendo visto nada que possa consubstanciar uma alteração no sentido de voto, voto Bruno Carvalho. 4 votos. Tendo falado com o meu pai e com o meu avô, o sentido de voto permanece intacto: 42 votos para Bruno Carvalho.