O sentido de equidade noticiosa é algo que não existe na imprensa, e a evidência é ainda mais aguda quando analisada no contexto português. Ontem, sabemos, Godinho Lopes oficializou a sua candidatura, tendo o evento sido presenciado por um dos mais significativos executivos do Banco Espírito do Santo, José Maria Ricciardi, actualmente CEO do Banco Espírito do Santo Investimento, S.A. A presença deste último, por si só, não é negativa, mas fica esclarecido qual a candidatura que recebe o selo “continuidade”.
Curiosamente, há meses escrevi neste blogue que declarar o fim da “continuidade”, como na altura fizeram vários jornais e vários cronistas dos mesmos, era surreal, até ingénuo. Mas tal opinião vendia, e as leis do mercado são imperativas à sobrevivência de um negócio que se vê ameaçado pelas novas tecnologias e pela crise que afecta o poder de compra. Uns inovam, aprofundam a captação de conteúdos; outros, e que é evidente em Portugal, criam notícias. O mercado de transferências, por exemplo, é prolífico em jornalismo de mercado: mais nomes = mais interesse = mais vendas. Nomes como Luís Duque, principalmente, e Carlos Freitas vendem jornais.
Hoje, vendo as capas dos jornais que antes noticiavam o fim da linha Roquete, a “continuidade” está viva e, aparentemente, recomenda-se.
Godinho, o Salvador, que até agora só nos agraciou com uma lista de nomes e um aviso relacionado com necessidades de tesouraria a curto prazo: os tais 100 milhões de euros.