Godinho Lopes é um avião sem sistema de navegação. Com um rosto de medo e rápido a caminhar até à saída, afirmou, acabado de chegar ao aeroporto de Lisboa, que nada iria acontecer ao treinador. No dia a seguir, já protegido pelo afastamento físico de quem o contestava no aeroporto, menosprezou a justa contestação e, tal e qual JEB nos últimos tempos da sua miserável e empobrecedora administração, optou por ofender os “30 adeptos”. Mais um dia passado após a contestação, despede o homem que antes tinha garantido permanecer no lugar, supostamente imune ao mau momento. É isto a Linha Roquete: loucura decisorial e desrespeito pelo Sporting e pelos seus adeptos.
"O Sportinguista, em mais de 100 anos de dita escolha, jamais ousou queimar ou detrair o símbolo e a cor que o identificam. Outros, os tais que clamam superioridade moral e identitária, fizeram-no.", dito por pai de Daniel.

7 de março de 2012

Só em Portugal é que o que está fora do campo de futebol consegue valorizar mais um jogador de futebol

A imprensa portuguesa já nos habituou aos seus momentos de escrita lúdica – apontam sempre no sentido pró-Benfica. Alguns ousam considerá-los jornalismo. Para mim, é lixo. Neste país, a imprensa desportiva tem como prática comum valorizar jogadores que, mesmo não sendo maus ou tendo até potencial, não merecem tamanho destaque ou elogio. Ontem, e apenas para não recuar muito tempo, era Gaítan, que o jornal A Bola, órgão noticioso desde sempre servo do Benfica, tentou transformar numa espécie de Di Maria 2, esperançado numa venda que ajudasse o Presidente Vieira a não ser obrigado a dar uma conferência de imprensa a anunciar a obrigatoriedade de desinvestir – austeridade no futebol. Choviam propostas milionárias de 40 milhões de euros (!?!), mas o presidente Vieira, contava-nos a A Bola em manchetes várias, mandava à fava as limitações que o tempo impõe e rejeitava-as.

Os próprios lampiões, já enfadados do benfiquismo excessivo de alguns (a ShitTV granjeia cada vez menos apoio entre os lampiões), trataram de colocar Gaítan no seu sítio: um bom jogador, com qualidades interessantes, importante no Benfica 2011/2012, mas em momento algum o prodígio que a A Bola afirmava ele ser. Ontem, e estando a valorização artifical de Gaítan posta por enquanto de lado (miseráveis exibições em jogos onde os verdadeiramente bons jogadores tendem a demonstrar-se), o alvo é já outro: Nélson Oliveira, cuja qualidade fantástica, dizem os jornais, se encontra corporalizada na fotografia em que o dito jogador marca o golo que inviabilizou a equipa do Zenit de continuar a pensar em apurar-se para a próxima fase. Importa referir, depois de visionado o lance, o que aconteceu: o tal jogador, que momentos antes manifestara a sua incapacidade de jogar em equipa ao não passar a bola a um jogador totalmente livre de marcação, apenas marcou o golo por interferência do defesa, cujo corpo faz saltar a bola por cima do guarda-redes do Zenit. Técnica na execução? Só a do defesa, que em queda consegue passar a bola por cima do seu próprio guarda-redes? Prodígio? Só o defesa, que sem intenção conseguiu facilitar um golo a um avançado que rematou sem grande execução técnica a bola.

E aproveito para, de acordo com a verdade do que aconteceu, reescrever a pequena nota disponível na capa de hoje do jornal Record: Jovem avançado só precisou de 13 minutos para ficar na história: estreou-se na Europa e marcou. Aqui fica a versão do que de facto aconteceu: Jovem avançado só precisou de 13 minutos e de um defesa adversário para ficar, com vital contribuição deste último, na história: estreou-se na Europa e foi ajudado por um defesa-adversário a marcar um golo. Verdade, 1; Propaganda pró-Benfica, 0.

Este adversário é tão complicado de derrotar quanto outro qualquer. A propaganda não é apenas uma ferramenta utilizada por políticos ou partidos ou ideologias, é também utilizada por quem pretende transformar A em B, seja em futebol, aqui o desporto referido, ou em outro qualquer assunto cuja verdade é lesiva a quem de direito. Quando o Benfica está mal, o jornal A Bola, principalmente, saca de entrevistas motivadoras e factos positivos. Quando o Porto está mal, o jornal O Jogo critica o Benfica utilizando palavras de Pinto da Costa. Quando o Sporting está mal, tanto A Bola como o Record se unem em noticiar, mesmo que mal e servindo-se sempre dos mesmos comentadores (os ditos “notáveis), os problemas do Sporting, problemas esses que existem também nos outros clubes – consequências da ausência de semi-auditorias semi-independentes sobre os estados financeiros de Porto e Benfica.

Como deve comportar-se o comum Sportinguista (o mais importante, porque é o que está em maioria, e não o “notável”) perante tão grotesca e enviesada ameaça, que no entanto não é recente? Deve, quando chamado a falar sobre futebol, defender o seu clube. E não deve dar nem um cêntimo do seu precioso dinheiro a estes trafulhas que se consideram jornalistas. Eu também escrevo umas quantas coisitas, posso também considerar-me jornalista? Posso? Bacano. Mas não quero. Dispenso.

A publicidade do Sporting ao jogo frente ao Manchester City merece, pela sua qualidade, ser positivamente referida, mas falta o resto, a começar pelos preços dos bilhetes – que corresponde a uma parte substancial da decisão de ir ou não ver o jogo. Alguém da SAD do Sporting desconhece a crise que assola o bolso dos portugueses? E a outra crise, a relacionada com o futebol podre e pobre que a equipa do Sporting actualmente apresenta? Só boa publicidade não chega. Aliás, em futebol, um desporto que vive da emoção de quem apoia um clube, boa publicidade é até deveras irrelevante.

EM FRENTE, SPORTING! CORAGEM, SPORTINGUISTAS!